quarta-feira, abril 13, 2005

O DIREITO Á INDIGNAÇÃO



POIS É, TEMOS TODOS DIREITO Á INDIGNAÇÃO, PORQUE O PROCESSO APITO DOURADO, PRETENDE PURA E SIMPLESMENTE PREJUDICAR O FUTEBOL CLUBE DO PORTO, COMO JÁ AQUI DISSE A JUSTIÇA É CEGA E NÃO OLHA A CULPADOS, OU OLHA?


No reino da hipocrisia e da ingratidão


Começo a acreditar no que me segredava um colega há uns dias, quando em amena "cavaqueira" nocturna, depois de fechado o jornal e tendo como companhia uma cerveja fresquinha, atirou para começo de discussão "a justiça é vesga e tem dois pesos e duas medidas". Dito assim a frio, confesso que não me soou bem, e por isso atirei de pronto "troca lá isso por miúdos", querendo que as explicações fossem mais pormenorizadas, até porque a noite amena prometia que as "louras" viessem umas atrás das outras.

Vieram... as louras e as explicações. Depois de vários considerandos e de alguns olhares para a "vizinhança", entrou ele nos considerandos, achando que os casos mais mediáticos que ultimamente andam de boca em boca e nas páginas dos jornais têm tido diferenças de tratamento por parte da justiça, que devia ser "igual para todos". Referia-se ele aos casos "Casa Pia", "Apito Dourado" e "Saco Azul de Felgueiras", juntando que até o próprio tratamento dado pelos "media" é diferente, "variando conforme a conveniência, simpatia ou antipatia que se nutre por alguns dos envolvidos". Não vos vou dar aqui conta da discussão que entrou noite dentro, com outros colegas a chegarem entretanto e a prolongar a conversa e o número de "louras" em cima da mesa, mas asseguro-vos que foi um tal "terçar de armas" que ainda estamos exaustos. Quero acreditar que o engano está do lado dele e não do meu, mas às vezes os factos fazem-me pensar que talvez não seja assim tão linear.

Vejamos o caso "Apito Dourado" e o barulho que se fez nestes últimos dias com o conhecimento que já existe sobre muitas das transcrições efectuadas dos milhares de escutas telefónicas que constam do processo. Vieram à estampa as que envolvem o presidente do FC Porto, do Boavista, Pinto de Sousa e Valentim Loureiro, há muito "eleitos" como os verdadeiros e únicos "diabos" que vão fazendo arder o futebol português. Num trabalho hoje publicado neste jornal pelo meu companheiro Joaquim Gomes, a face diabólica do "sistema" pode ter outros rostos, que muitos pretendiam fazer passar por autênticos "anjos", mas que podem vir a ter um papel mais activo que simples figurantes de um filme que ainda não viu a palavra "Fim", podendo até fazer levantar as espectadores dos seus lugares para um "intervalo". Há escutas efectuadas que envolvem dirigentes que não foram sequer ouvidos no processo - aqui cabe perguntar porquê (?)-, quando em circunstâncias iguais outros intervenientes foram levados à condição de arguidos no célebre processo que ameaça revolucionar o futebol e a arbitragem. Acredito que o tratamento dos factos transcritos e constantes do processo vai levar ao abrir de outras inquirições... a bem da verdade e de um "sistema" que se quer igual para todos e não só... para uns.


Bernardino Barros in O Comércio do Porto 13 Ab 05

Sem comentários: