quarta-feira, abril 13, 2005

PARA QUE NÃO HAJAM BRANQUEAMENTOS



Já aqui diversas vezes falei da impossibilidade de acreditar que no apito dourado só fossem nomeados Valentim Loureiro, Pinto da Costa, Pinto de Sousa entre outros, pela importância do artigo no O Comércio do Porto o transcrevo, esperando que todos os blogs o façam para que não sejam branqueadas situações, o ditado é velho " OU PAGA TUDO OU NÃO HÁ MORALIDADE"



Telefonemas de ambos com Valentim Loureiro e Pinto de Sousa fazem parte do
"Apito Dourado"

Conversa de Luís Filipe Vieira com Pinto de Sousa por causa de árbitro de
jogo do Benfica para a Taça

JOAQUIM GOMES


O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, assim como o ex-dirigente do
Sporting, José Bettencourt, são suspeitos no processo do "Apito Dourado",
tendo ambos vários telefonemas gravados nas escutas a Valentim Loureiro e a
Pinto de Sousa, apurou o COMÉRCIO de fonte ligada ao processo. Apesar dos
dois dirigentes terem parte das suas conversas transcritas nos autos, a
partir das escutas da Polícia Judiciária do Porto, não se sabe se terão sido
entretanto interrogados como arguidos ou inquiridos como testemunhas, já que
não foi possível contactar os dois dirigentes.

O Benfica e o Sporting desmentiram ao final da tarde qualquer envolvimento,
quer de Luís Filipe Vieira, quer de José Bettencourt, negando as
comparências na PJ, como arguidos ou sequer testemunhas.

"O senhor Luís Filipe Vieira nunca foi ouvido nesse processo, mas nós
percebemos que nesta fase do campeonato dá muito jeito falar no nome dele",
referiu Cunha Vaz, do Benfica.

Carlos Severino, do Sporting, afirmou ser "a primeira vez que estou a ouvir
falar nesse assunto", tendo recordado que "desde Julho de 2004 o senhor José
Bettencourt não é dirigente do Sporting". No entanto, o COMÉRCIO está em
condições de afirmar que Luís Filipe Vieira foi "apanhado" numa conversa
telefónica com Pinto de Sousa, acerca de um jogo do Benfica para a Taça de
Portugal. O presidente encarnado surge no processo, por ter feito
telefonemas ao major, assim como José Bettencourt. Os assuntos tratados
terão a ver com os órgãos disciplinares e da arbitragem da LPFP.

De acordo com fonte ligada ao processo, os telefonemas de Luís Filipe Vieira
e José Eduardo Bettencourt foram considerados "comprometedores", para ambos
os dirigentes, Luís Filipe Vieira e José Eduardo Bettencourt, daí terem sido
transcritos nos autos.

Sem suspeitas


Ao contrário do que sucedeu com o F.C. Porto e o Boavista, as suspeitas
contra os dois dirigentes lisboetas ficaram por explorar, pelo menos nesta
primeira fase do processo "Apito Dourado". Recorde-se que a PJ gravou cerca
de 15 mil telefonemas, em grande parte do major Valentim Loureiro, que falou
com outras pessoas, entre as quais membros do Governo.

Num dos casos teve a ver com a casa de Sousa Cintra, por causa de um
licenciamento camarário à mistura de conversas informais com os
ex-secretários de Estado Miguel Relvas e Taveira Sousa, o que levou
entretanto José Sousa Cintra a ser ouvido pela Polícia Judiciária.

Valentim Loureiro desmentiu sempre qualquer favorecimento a Sousa Cintra, ou
a quem quer que fosse, garantindo que se limitou a enviar um fax a Taveira
de Sousa, sobre o licenciamento das obras que Sousa Cintra pretendia fazer
na sua vivenda, situada na costa vicentina.

A Polícia Judiciária escutou conversas entre Sousa Cintra e Valentim
Lourteiro, por causa de empréstimos bancários solicitados pelo ex-presidente
do Sporting, quer à Caixa Geral de Depósitos, quer ao BCP.


Durante as escutas telefónicas, a Judiciária interceptou conversas com José
Luís Arnaut e Alípio Dias, em que Valentim Loureiro intercedia em favor de
Sousa Cintra, situação que, desde logo, a defesa rejeitou como sendo
eventual tráfico de influência ou qualquer ilegalidade, mas uma situação
perfeitamente normal.



Escutas ´comprometedoras´ para José Veiga e Mesquita Machado

O empresário de futebolistas José Veiga foi "apanhado" pelas escutas telefónicas da Polícia Judiciária, na qualidade de dirigente do Benfica, com conversas
"comprometedoras", segundo fontes contactas pelo COMÉRCIO, com Mesquita
Machado. Estas conversas foram transcritas pela PJ do Porto, de acordo com o
que confirmou o COMÉRCIO junto de uma fonte ligada ao processo.

Entretanto, o COMÉRCIO soube que Mesquita Machado nunca foi ouvido no
processo "Apito Dourado", nem como arguido, nem como testemunha, neste ou em
qualquer caso sobre a alegada corrupção no futebol.

Mesquita Machado, que desde ontem se encontra em Bruxelas, só regressa
amanhã a Portugal.

O autarca socialista de Braga é ainda pressidente da Assembleia Geral da
Federação Portuguesa de Futebol. Quanto a José Veiga, já se sabia ter sido
ouvido no processo do "Apito Dourado, mas não devido às actividades de
empresário de futebol, sabendo-se que está relacionado com o Benfica e
devido às conversas gravadas na Judiciária do Porto.

Pinto Nogueira continua com os recursos


O procurador-geral adjunto Pinto Nogueira continuará a apreciar os recusos do "Apito Dourado", junto do Tribunal da Relação do Porto, segundo apurou o COMÉRCIO.

Alberto José Pinto Nogueira exerceu interinamente as funções de
procurador-geral distrital da República, cargo que vai ser assumido dentro
em breve pelo magistrado do Ministério Público (MP) Alípio Ribeiro.

Durante as suas investigações, o titular do processo "Apito Dourado", Carlos
Teixeira, da Procuradoria da Repúbica de Gondomar, tem entrado em conflito
constante com Pinto Nogueira, colocando-se com a juíza Ana Cláudia Nogueira
numa posição extremista em relação ao seu coordenador, caso que já chegou às
mãos do procurador-geral, Souto Moura.

Todas as posições de Pinto Nogueira têm sido acolhidas pelos
juízes-desembargadores da Relação do Porto, contra a perspectiva assumida
sempre pela primeira instância, que é o Tribunal de Gondomar. É a primeira
vez que se verificam tantas desinteligências entre os magistrados do
Ministério Público na condução do caso.

Lemos Costa coordena caso


O procurador-geral adjunto Lemos Costa, que assumiu a coordenação do caso
"Apito Dourado", a título interino, vai manter-se nas funções, até
concluir-se esta fase de inquérito, segundo apurou o COMÉRCIO.

António Maria Lemos Costa, natural de Barcelos, exerceu funções como
delegado do procurador da República em Vila do Conde e foi depois procurador
em Santo Tirso, tendo já prestado serviço no Tribunal de São João Novo e no
gabinete do ex-procurador geral da República, Cunha Rodrigues.

No seu blog "Incursões", o magistrado do MP, aquando da presença de Pinto da
Costa no Tribunal de Gondomar, fez críticas à alegada "selvajaria" de deter
os cidadãos para os interrogatórios, posição que nunca defendeu quando na
primeira fase operacional do processo "Apito Dourado", a maioria dos
arguidos foram detidos pela PJ durante três, quatro e cinco dias seguidos,
sem que ninguém se tivesse insurgido contra, à excepção da Ordem dos
Advogados ou de cidadãos individualmente.

Esta polémica levou mesmo Alberto Pinto Nogueira a pôr os pontos nos is, no
seu blog intitulado "A Grande Loja do Queijo Limiano".

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